A ecologia é o estudo das relações entre organismos vivos e seus ambientes, das interações dos organismos uns com os outros, e dos padrões e das causas da abundância e distribuição dos organismos na natureza. Os estudos ecológicos do PELD 2000-2010 na vegetação da restinga do PARNA Restinga de Jurubatiba (PNRJ) foram centrados na descrição da estrutura de diferentes formações vegetacionais, principalmente no sentido de compreender se as mesmas são estáveis. Esses estudos geralmente se concentraram em Formações Abertas de Clusia (FACL), que representa cerca de 40% da área total do PARNA Restinga de Jurubatiba (Araújo et al., 2004). Na FACL já está bem elucidado o papel facilitador de algumas espécies que modulam, por meio de interações indiretas, a estrutura das comunidades, num processo chamado de facilitação (Zaluar & Scarano, 2000). Destacam-se como facilitadoras Allagoptera arenaria (Arecaceae), Aechmea nudicaulis (Bromeliaceae) e Clusia hilariana (Clusiaceae). Contudo, apesar da presença de C. hilariana estar positivamente correlacionada com a riqueza das moitas de restinga (Scarano, 2002), outras espécies se destacam na estrutura das Formações Abertas, como Protium icicariba (Burseraceae), Humiria balsamifera (Humiriaceae) e Ocotea notata (Lauraceae).
Na fase atual do PELD (2011 até o presente), buscamos compreender como a comunidade vegetal interage entre si e com grupos de animais, observando os eventos em escala de tempo e a influência do clima sobre esses processos. Forte (2013), por sua vez, avaliou o processo e a capacidade de regeneração natural nas restingas, tendo por base interferências antrópicas pretéritas no PARNA. O principal resultado desse estudo é a indicação de que outras plantas estão dirigindo o processo sucessional em áreas de formação aberta arbustiva de Clusia em sucessão secundária, por meio de processo distinto dos encontrados em áreas íntegras. Os padrões fenológicos de espécies arbustivas e arbóreas foram analisados por Machado (2013). De forma geral as espécies apresentam um padrão anual de floração/frutificação e se agrupam em plantas de dia longo e dia curto (fotoperíodo), sendo Humiria balsamifera uma espécie que oferece recursos continuamente ao longo do ano. Brito (2015) através da análise da produção da serapilheira, bem como da decomposição do material vegetal das diferentes fitofisionomias da restinga e da forma de disponibilização destes no solo permitiu a construção de um modelo conceitual, capaz de inferir a importância relativa das áreas de Formação Arbustiva Aberta de Clusia (FAAC) e Mata Periodicamente Inundada (MPI) para o ciclo interno de nutrientes no ecossistema de restinga. Vianna (2016) deu continuidade ao registro fenológico de algumas espécies já tratadas por Machado (2013) com maior enfoque na flora apícola e no recurso pólen. Este estudo destaca o caráter generalista das abelhas tanto solitárias quanto sociais e o papel das espécies herbáceas e arbustivas entre moitas como fonte de pólen. Machado (2017) trabalhou com a importância de beija-flores para a polinização de bromélias o que revelou importância de Amazilia fimbriata para a polinização de uma série de espécies não ornitófilas e da bromélia Aechmea nudicaulis para a manutenção das populações de beija-flores.
Encontram-se em andamento estudos sobre a contribuição de diferentes espécies para o aporte de serapilheira, sobre o papel das espécies facilitadoras, porem considerando a estrutura funcional das moitas de vegetação, e sobre o aporte do recurso alimentar, fruto, sobre a dinâmica populacional do Rodentia endêmico Cerradomys goytaca.
Grupo Ecologia Vegetal
Lísia Mônica se Souza Gestinari
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