O projeto PELD RLaC tem se adaptado ao longo dos seus 20 anos de existência às transformações da sociedade e das ciências, às vezes frente às tendências mundiais, muitas delas transformadas por influência da própria UFRJ e outras universidades de excelência do Brasil. A diversidade de perfis de pesquisadores envolvidos na atual proposta, iniciada em 2016, já contemplou uma visão mais abrangente do problema da conservação em contexto social, considerando a necessidade de um entendimento de uma realidade complexa e plural. Dessa forma, a pesquisa no sítio PELD adquiriu também uma perspectiva social e política visando o conhecimento da biodiversidade, geodiversidade (contemplado no segundo edital de 2009) e sociodiversidade, e o desenvolvimento sócio-ambiental sustentável alinhados as Metas Nacionais da Biodiversidade – EPANB/Ministério do Meio Ambiente. Cabe destacar a participação dos pesquisadores do projeto em diversos conselhos regionais e estaduais, desenvolvendo o importante papel de promoção de políticas públicas, a criação de capital político fundamental à ampliação do número de áreas de preservação e, principalmente, a troca de saberes necessários à instrumentalização de lideranças locais e à luta pela conservação e sobrevivência dos modos de vida associados aos ambientes naturais.
Os ecossistemas acima descritos se apresentam na nossa cultura, sobretudo, como resultado de um processo de interpretação e produção social, sendo estes, determinantes dos tipos de relação estabelecidas com a Unidade de Conservação. Neste contexto, as questões científicas, além de serem úteis ao monitoramento e manejo, permitem o estabelecimento de novas relações com o entorno, num processo dialógico. Todos os resultados tiveram ampla visibilidade por parte de gestores, moradores e visitantes da UC, num contexto de compartilhamento de saberes sobre o ambiente, permitindo reinterpretações dos resultados obtidos e o melhor aprofundamento das interpretações da importância da conservação. Dentre as ações que a equipe do projeto se propôs a fazer neste sentido, destaca-se a participação no Conselho Consultivo do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, atuando junto a lideranças ambientais e autoridades dos municípios que cujos territórios integram o PNRJ. Por meio de nossa atuação no Conselho do PNRJ temos atuado também em Câmara Técnicas e Temáticas, como a de construção de trilhas interpretativas.
Cabe destacar também as diversas ações desenvolvida pelos pesquisadores na promoção da Educação Ambiental (EA). Várias foram as ferramentas utilizadas para o desenvolvimento da EA que se aprimoraram com o tempo e a evolução das mídias impressas e digitais. Bons exemplos de como a divulgação científica e EA vêm sendo abordada pela equipe do PELD-RLaC são as oficinas de teatro e as oficinas de produção de vídeo. Todo os roteiros desenvolvidos usam conceitos pedagógicos de base freiriana com o objetivo de promover a emancipação dos sujeitos envolvidos e real participação na produção dos conteúdos. O estreitamento das relações com o Conselho do Parque da restinga de Jurubatiba também tem causado algumas mudanças no foco das pesquisas realizadas na tentativa de atender os municípios e à gestão do PNRJ. Como exemplo, temos o envolvimento de pesquisadores na produção de documentos que permitiram a criação de duas unidades de conservação no município de Carapebus, o que no futuro poderá viabilizar a criação de uma mosaico de UCs. Cabe também destacar também algumas oficinas produzidas no Quilombo Machadinha, assim como a Pesquisa de Eduarda R. Cailava Gomes, que visa resgatar conhecimentos tradicionais e fornecer subsídios para os moradores se organizarem em torno do projeto de criação de uma RESEX em áreas de restinga utilizadas pelos Quilombolas